Mãe aos 15: Em 2016, adolescente cria blog para compartilhar com outras meninas a experiência da maternidade precoce Meu maior conselho é não se deixar levar por outras pessoas.
Imagine se descobrir grávida aos 15 anos. Qual seria sua reação? Como você lidaria com a situação? A estudante Karina Benigno passou por isso, e para contar como lidou com a notícia inesperada, com a gravidez não planejada e com o nascimento de Pedro, hoje com 1 ano e meio, ela criou um blog. “O assunto gravidez na adolescência é um tabu. Fiz o blog para ajudar meninas que, assim como eu, engravidam cedo e para abrir os olhos de outras para que não engravidem tão jovens, pois filho é responsabilidade e 72 horas por dia de cuidado”, diz.
Karina conta que estudava e trabalhava na lanchonete da mãe quando conheceu o pai de Pedro. “Começamos a namorar e, depois de dois anos, tivemos nossa primeira relação sexual. Eu estava com 15 anos. Não nos prevenimos e não fizemos sexo seguro, apesar de saber de todas as consequências e problemas que poderia haver. Hoje vejo o quanto fui imatura e irresponsável”, diz, de forma muito sincera.
E é com extrema sinceridade e clareza que ela fala sobre a experiência de engravidar na adolescência e sobre os desafios e as dificuldades de se tornar mãe tão jovem. Além de dar um recado: “se cuidem, mulheres e homens! Usem camisinha para se proteger de DST’S e para evitar uma gravidez não planejada. Isso é responsabilidade dos dois”. Confira a entrevista!
Como foi descobrir uma gravidez tão jovem? Você lembra o que sentiu no início?
Minha menstruação não era regulada e era normal não vir alguns meses, não vir duas vezes em um único mês. Então, só comecei a desconfiar da gravidez somente depois de dois meses da menstruarão atrasada. Fiz um teste de farmácia e deu positivo. Foi terrível! Chorei muito, senti um frio na barriga e uma dor no coração... Só pensava como ia contar para os meus pais e o que as pessoas iriam pensar. Achei que tudo tinha acabado e não havia mais jeito para a minha vida.
Esta sensação, este sentimento, foi mudando depois? Como?
Sim, mudou bastante. Logo depois que contei para os meus pais e todos ficaram sabendo, parei de ficar neurótica e tratei de cuidar e aproveitei a gravidez. Sei que a gravidez foi fruto da irresponsabilidade, mas meu filho não tinha culpa de nada e eu iria cuidar dele e amar. Sempre falo que ele não foi planejado, mas foi desejado.
Como sua família reagiu?
Eles não esperavam, ficaram chocados. Quando minha mãe soube, fomos fazer o teste de sangue e deu positivo. Acho que foi só aí que caí na real e vi que realmente estava grávida. Minha mãe nos questionou bastante e nos mostrou nossa irresponsabilidade. Chorou bastante também. Ela dizia que não queria isso para mim, e creio que nenhuma mãe quer. Sempre esperamos que nossos filhos cresçam, estudem, se formem, se casem e só então tenham filhos. Meu pai não acreditou e ficou muito chocado, mais não havia como fazer mais nada.
Quais os maiores desafios e dificuldades que você enfrentou e enfrenta?
O julgamento das pessoas. Muitas pessoas jugam sem conhecer a minha história. Além disso, algumas vezes não poder fazer certas coisas para o meu filho por não ser maior de idade, como algum agendamento no médico e outras coisas que exigem burocracia.
Seu filho já está com quase dois anos, não é? Quais são, em sua opinião, as maiores dificuldades de ser uma mãe tão jovem?
Isso, ele fez um ano e seis meses. No meu caso, a maior dificuldade é ainda não ter terminado os estudos. Sinto falta disso, pois fiquei o primeiro ano sem estudar para que pudesse me dedicar somente a ele. Voltei a estudar este ano, e estudante tem que tirar um tempo para revisar matérias, fazer trabalho, e assim o meu tempo para a maternidade fica curto. Por isso, o tempo que fico com meu filho tem que ser um tempo de qualidade, para que ele não sinta tanto a minha falta. Outra dificuldade em ser mãe jovem é que, na maioria das vezes, não temos a vida estável com casa pronta, trabalho certo, faculdade feita e muitos outros preparos.
Como surgiu a ideia de criar o blog?
Bom, eu já havia tido vários blogs, pois sempre gostei da blogosfera e do mundo dos youtubers, mas nenhum voltado para a maternidade, pois ainda não tinha sido mãe [risadas]. Depois de ficar grávida vi que muitas meninas jovens ficam grávidas mesmo sabendo de todos riscos. Não há informação falando de mães adolescentes explícitos na mídia. Tipo, mostram um ou outro, mas não revelam que é muito comum isso acontecer. Acredito que as pessoas só começam a se vigiar quando a realidade é exposta na sua frente.
Que mensagem ou conselho você daria para outras adolescentes?
Bom, meu maior conselho é não se deixar levar por outras pessoas, não transar só porque seu companheiro quer ou porque seus amigos transam, não deixar de usar preservativo porque vão achar você idiota, e não engravidar e abortar por ter medo do que vão falar de você. Os maiores erros da humanidade estão relacionados a agir por levar em consideração a opinião e o julgamento das pessoas. Se cuidem, mulheres e homens! Usem camisinha para se proteger de DSTs e para evitar uma gravidez não planejada. Isso é responsabilidade dos dois!
No momento, moro junto com o pai do meu filho e somos uma família, nosso filho é nossa responsabilidade e nossa alegria. O Pedro veio para mudar tudo. Com ele aprendi a amar e compreender as pessoas que vivem ao meu redor. Ele fez com que a minha maturidade aflorasse e os meus sonhos mudarem, quero viver para fazê-lo feliz. Minha rotina mudou, minha mente mudou e o amor se multiplicou.
Confira aqui o blog de Karina!